terça-feira, 20 de novembro de 2012

(Um Papai Noel DIFERENTE)

Com o Natal se aproximando, o reino do Papai Noel está agitado. São muitos os pedidos
para serem lidos e atendidos. Os tempos mudaram e as crianças agora enviam seus
pedidos via e-mail. São milhares de Papais Noéis trabalhando sem parar para dar conta do recado, cada um em sua cabine lendo os e-mails em seu computador. Todos ao comando do Grande Papai Noel. Com sua bondade infinita ele comanda uma legião de Papais Noéis para que o Natal das crianças sejam cada vez melhores. Alí, cada um dos Papais Noéis são conhecido pelo número, e um deles parece ser bem diferente dos outros. O Papai Noel “diferente” adora cantarolar enquanto lê os e-mails.
- “Se você pretende, saber quem eu sou, eu posso lhe dizer, entre no meu trenóóó e larálárááá e você vai me conhecer”...
- Que Papai Noel esquisito?! – cochicha o Papai Noel 9.427 para seu colega da cabine ao lado.
- Quem? O Papai Noel 2424? Ele é diferente mesmo, mas é um bom velhinho. – respondeu
o colega 7.823.
- O quê? Não acredito! O número dele é 2424? Então é por isso que ele é alegre desse jeito?! Ho..ho..ho... – debocha o Papai Noel 9.427.
- Cuidado que isso é bullying heim?! – alertou o 7.823.
Lá todos riem desse jeito. Ho... ho... ho..., menos o Papai Noel 2424, que de tanto navegar na
Net, pegou a mania de rir diferente: Kakakakaka é o som da sua risada ultimamente.
- Vamos para mais um e-mail, hum, hum, hum... – fala ele sozinho enquanto clica no próximo e-mail a ser lido e abocanha um grande pedaço de pão celestial.
– Fala velho?! – inicia o e-mail, que prossegue dizendo - Escuta aqui coroa, eu tenho oito
anos e Neste Natal quero ganhar um vídeo Game que nenhuma criança ainda tem. Entendeu? Descubra o que o mercado vai lançar no próximo ano. Quero mostrar para meus amigos que sou o melhor. Sacou velhote?! Se vira gorducho!!! Kkkkkkkkkkk.
- Eu sou um Papai Noel azarado mesmo! Só recebo e-mails de crianças mal educadas – esbravejou ele irritado dando um murro na mesa, quase derrubando seu computador. – Hããããã... mas esse aqui eu faço questão de responder – resmungou ele dando uma olhadinha para o lado e certificando-se de que ninguém estava olhando, já que era expressamente proibido responder qualquer e-mail das crianças. Ele então franziu a testa, clicou em responder e começou a teclar.
– Escuta aqui pirralho... – de repente uma sirene tocou e ouviu-se uma voz em alto tom.
– Papai Noel 2424, compareça com urgência á sala do Grande Papai Noel.
Todos os 99.999 Papais Noéis pararam de trabalhar e olharam para ele, pois nunca em toda a história do reino dos Papais Noéis, o Grande Papai Noel chamou outro Papai Noel em sua sala no meio do expediente.
- É um péssimo sinal. - pensou o Papai Noel 65.343, que deu uma olhadinha de canto para o 2424, esfregou os quatro dedos em seu traje vermelho, e disse baixinho. - É... sujou velhinho!
O Papai Noel 2424 se levantou lentamente, ajeitou as calças, inclinou a cabeça e saiu caminhando e assoviando em direção a sala do Grande Papai Noel, aos olhares espantados dos outros Papais Noéis que cochichavam entre si.
- To ficando importante?! kakakakaka. – ironizou ele tentando quebrar o clima.
De pé e diante do Grande Papai Noel, que estava sentado em um enorme trono dourado, o Papai Noel 2424 se inclinou e o questionou.
- O que o Sr. deseja, ó grande Papai Noel?
O grande Papai Noel levantou-se do seu trono e caminhou vagarosamente até o Papai Noel 2424, ficando de frente para ele, que tem metade do seu tamanho.
– Porque você estava respondendo um e-mail de uma criança? Não sabe que é contra as nossas regras fazer isso?
– Eu posso explicar Grande Papai Noel. – nesse momento ele começou a se irritar. – Uma criança passou um e-mail mal educado para mim exigindo que eu o presenteasse com um
vídeo game que nem foi lançado no mercado ainda. E sabe do que ele me chamou? – o
Grande Papai Noel interrompeu e disse serenamente.
– Entenda uma coisa 2424, criança é sempre criança, não importa como elas agem. Se esse menino lhe pediu algo, é sinal de que ele ainda acredita em Papai Noel. Quanto a forma que
ele se expressou, se deve a maneira que foi criado. Não temos o direito de julgar nenhuma criança, mas sim atender os pedidos na medida do possível. Compreendeu?
O Papai Noel 2424 se calou e baixou a cabeça. Nesse momento uma música começou a
tocar – Pobre ligando pra mim... Pobre ligando pra mim...
– O que é isso? Que música é essa? – questionou confuso o Grande Papai Noel.
– É meu celular Grande Papai Noel – respondeu 2424 atendendo a ligação – Hum... sei... colocou todas as cores então? Obrigado.
– Que celular é esse? Com quem você estava falando?
– Sabe o que é Grande Papai Noel?! Eu mandei trocar todas as luzes brancas do trenó, por luzes coloridas.
– Porque você fez isso? – irritou-se o Grande Papai Noel – Será que você não entende que
a nossa oficina foi criada somente para consertar os trenós quebrados? E tem outra, me disseram que seu trenó é muito diferente dos outros. Cheio de frases como, papai Noel a bordo, sai da frente mano, entre outras. Dizem até que você mandou instalar um DVD? Pra quê isso?
– A entrega dos presentes é sempre uma viajem longa né? - respondeu meio sem jeito o 2424.
– Meu filho, para que o Natal das crianças saia como tem que sair, precisamos seguir as regras. Eu sei que as vezes você fica indignado em ver que as crianças ricas sempre ganham tudo, diferente das criancinhas pobres que dificilmente ganham algum brinquedo. Mas como a gente vai entrar na casa dos pobres, nem chaminé eles tem?! Ho... ho... ho.... Desculpe filho,
foi só uma piadinha sem graça. A vida é assim mesmo 2424. Mas você precisa entender que Deus sempre tem um plano para seus filhos. Agora volte ao seu posto de trabalho, tenha paciência com todas as criançinhas e vamos fazer deste Natal o melhor de todos.
Retornando á sua sala, o Papai Noel 2424 cruzou com um Papai Noel carteiro que carregava um grande saco de cartas.
– Para quê são essas cartas? – questionou curioso o 2424.
– Como para quê?! Para serem lidas!
– Mas as crianças ainda escrevem cartas a punho?
- Você pensa que toda criança tem computador em casa?! Fique sabendo que ainda tem muitas crianças espalhadas pelo mundo que escrevem cartas a punho sim! Agora me dê
licença que preciso ir, tenho muitas cartas para serem lidas. – respondeu o Papai Noel Carteiro que continuou a caminhar carregando o enorme saco de cartas.
O Papai Noel 2424 ficou observando pensativo o Papai Noel carteiro, quando percebeu que ao entrar numa sala, uma carta caiu do saco em direção ao chão. Ele então correu imediatamente para avisa-lo, mas quando se aproximou, a porta já estava fechada. Diante da carta no chão o Papai Noel 2424 se abaixou, e a pegou. Logo ele percebeu que a carta havia causado uma mancha escura em sua luva branca.
– Uma carta escrita a carvão?! – pensou ele tão intrigado e curioso que de imediato começou a lê-la.
– Meu querido Papai Noel. – Que gracinha... quanto tempo não leio um e-mail de uma criança me chamando assim – falou ele sozinho com uma certa emoçõao. – Eu me chamo Joca e tenho oito anos. Sei que é difícil para o Sr. atender minha carta, já estou acostumado a todo ano escrever sem obter resposta. Deve ser porque eu moro em um lugar tão distante que nem energia elétrica tem. Eu entendo... mas eu estou escrevendo esta porque meu Pai e minha Mãe sempre falam para eu nunca perder a fé. Este ano não vou pedir nada para mim, e sim para meu Pai. Moramos em um lugar que o sol brilha o ano todo e com a falta da chuva ele foi demitido da fazenda onde trabalhava como um bom lavrador. Estamos passando por muitas dificuldades e receio um dia passarmos fome, por isso queria pedir para ajuda-lo a arrumar um emprego.
O Papai Noel 2424 engoliu seco, enxugou as lágrimas que já caía aos montes, e disse olhando para a carta – Filho, vou falar pessoalmente com o Papai Noel Carteiro para dar uma atenção especial á sua carta. – ele então bateu á porta da sala do Papai Noel Carteiro que abriu apenas uma fresta, onde só se via seus olhos.
- Pois não?
- Meu caro Papai Noel Carteiro, ao adentrar a sua sala o Sr. deixou cair essa carta, e eu gostaria de pedir-lhe que dê uma atenção especial a ela, pois tem um pedido de um menino muito aflito.
- Você leu a carta?
- Fiquei curioso e li mas... – o Papai Noel carteiro interrompeu com os olhos estalados.
- Você não poderia ter feito isso! Não sabe que é contra as regras um Papai Noel ler a carta do outro?! Com isso, você quebrou o encanto desta carta. Ela foi endereçada a mim, só eu poderia ter lido. É como se ela não estivesse existido.
- E agora? – perguntou aflito o Papai Noel 2424.
- Isso só aconteceu, porque não chegou o momento desse menino ser atendido. Oras Papai Noel, quantas crianças não são atendidas nos seus pedidos?! Faz parte da vida. Agora eu preciso voltar ao meu posto. – disse o papai Noel carteiro fechando a porta.
- Meu Deus?! O que eu fiz?! Por minha curiosidade a carta desse menino não vai ser lida pelo Papai Noel carteiro. – lamentou-se o papai Noel 2424, com um enorme aperto no coração.
Pensativo e sentado á sua mesa para responder os e-mails das outras crianças, ele tenta encontrar alguma forma de amenizar o sofrimento do menino Joca, e disfarçadamente entra em um site de busca celestial onde existem todas as informações relacionadas as dúvidas dos Papais Noéis. Ele então digita uma pergunta – O que acontece se um Papai Noel cibernético entregar um presente de um Papai Noel carteiro? – e as respostas brotaram sem parar a sua frente.
- Você bebeu?
- Você é louco?!
- Deixa o Grande Papai Noel saber que você postou uma pergunta dessa?!
Imediatamente o Papai Noel 2424 fechou a página.
O tempo passou e o dia da entrega dos presentes finalmente chegou. Todos os 99.999 trenós estavam enfileirados e carregados de presentes. O grande Papai Noel então se pronunciou abençoando a partida.
- O Grande dia chegou. Trabalhamos muito, e hoje finalmente faremos a vontade das crianças que confiaram em nós – nesse momento o Papai Noel 2424 pensou:
– Menos o coitadinho do Joca.
– Cada um de vocês é como se fosse um pedacinho de mim e tenho certeza que farão as entregas com muito amor. Que Deus os acompanhem. Vão em paz – finalizou o Grande
Papai Noel, balançando seu sino sem parar. Mas antes mesmo que o sino desse a primeira badalada, o Papai Noel 2424 saiu a toda velocidade com seu trenó “destacante” cheio de luzes coloridas e com uma buzinha inusitada que ficava o tempo todo soando, saí da frente manôôô. Rapidamente ele passou todos os trenós. O Grande Papai balançou a cabeça e pensou – Lá
vai a árvore de Natal ambulante?!
O Papai Noel 2424 tinha motivos para ter pressa, pois ele havia arquitetado um plano na intenção de amenizar o erro de ter lido a carta do garoto, e exatamente a meia noite e um segundo em ponto, estava ele no quarto do menino Joca, presenciando o Pai e Mãe do menino o cobrindo com uma velha manta.
– Boa noite meu anjo. Durma bem – sussurrou sua mãe, dando-lhe um beijo carinhoso em seu rosto.
– Boa noite amigão – disse o pai, também beijando carinhosamente a face do filho.
Após a saída dos Pais de Joca do quarto, o Papai Noel 2424 se aproximou do menino que já tinha adormecido e o chacoalhou vagarosamente. Joca abriu os olhos e avistou surpreso o bom velhinho á sua frente.
– Papai Noel? – baubuciou incrédulo o menino, com um sorriso de orelha a orelha estampado em seu pequenino rosto. - Então... então... o Sr. leu a minha...
– ...Carta, li sim filho – completou o Papai Noel 2424 que pensou naquele momento – Coitado desse menino, ele acha que eu vou atender seu pedido. Mal sabe ele que não tenho esse poder, o máximo que poderei fazer é levá-lo em meu trenó para assistir a distribuição dos presentes as outras crianças. Joca, você quer me ajudar na entrega dos presentes? - perguntou.
– Quero sim Papai Noel. – respondeu o menino, com uma grande euforia.
– Então vamos – disse o papai Noel 2424 que tocou suavemente o rosto de Joca, teletransportando-os para seu trenó.
– Que manero?! – disse Joca, já sentado no trenó do seu “Querido Papai Noel” e olhando sua casa do alto.
– Segure bem filho, vamos dar uma voltinha – com essas palavras, o Papai Noel 2424 saiu em alta velocidade sentido a casa das crianças que receberá os presentes naquela linda noite de Natal.
– Chegamos a primeira casa Joca – falou o Papai Noel, diante de uma casa onde eles avistam várias crianças correndo e brincando pela sala.
– O Sr. vai dar presentes para todas aquelas crianças? – perguntou Joca com uma pontinha de inveja, pois nunca em sua vida havia ganho um brinquedo industrializado, todos os que ele tinha eram de madeira e produzidos pelo seu próprio Pai.
– Não Filho. Eu vou presentear somente aquele menininho ali. – respondeu o Papai Noel direcionando o rosto de Joca para um menino de sete anos de idade que estava sentado isoladamente num canto da sala, em uma cadeira de rodas. O menino olhava fixamente para o teto com a boca e os olhos abertos e as mãos atrofiadas, devido a paralisia infantil que sofrera quando tinha apenas três meses de vida. Nesse momento, o Papai Noel 2424 entrelaçou as mãos, fechou os olhos e falou - Pai, façamos a vontade daquela criança, que pensou no seu presente mas não teve condições físicas de pedir – naquele instante, o Pai e a Mãe do menino se aproximaram e colocaram um pequeno rádio de pilha no colo do garoto que não esbouçou nenhum movimento. A musica que tocava era Noite feliz.
– Feliz Natal amigão – disse o Pai do menino, com lágrimas contidas nos olhos e passando a mão pelos cabelos do filho.
– Feliz Natal meu anjo – disse a mãe, dando um beijo na face do filho e com lágrimas escorrendo por todo seu rosto.
– Nossa... que triste Papai Noel?! – disse Joca ainda olhando para o menino e com lágrimas querendo escorrer de seus olhos.
Percebendo toda a emoção de Joca por aquela situação, o Papai Noel se ajoelhou á sua frente, segurou a mão dele e disse.
– Joca, as vezes, diante de certas situações, um pequeno detalhe nos transforma na pessoa mais feliz do mundo. Você já tem o maior presente que Deus pode dar ao ser humano, uma saúde perfeita. E por incrível que pareça, essa criança é infinitamente mais feliz do que muitas pessoas que são privilegiadas com uma saúde perfeita
Entendendo o recado, Joca experimentou o amargo sabor do remorso da pontinha de inveja que sentira instantes atrás.
Agora vamos, não podemos perder tempo – disse o Papai Noel já sentado no trenó e partindo em alta velocidade.
Eles visitaram muitas moradias, algumas simples, outras luxuosas e até de moradores de rua. A entrega dos presentes estava chegando ao final e lá estavam eles em frente a última casa. Era uma enorme mansão e todas as luzes da propriedade estavam apagas.
– Acho que já estão todos dormindo Papai Noel?! – sugeriu Joca diante da total escuridão.
– Não Filho! Estão todos acordados, até os cachorros. Quer ver? – com essas palavras e
com uma cara de poucos amigos o Papai Noel fechou os olhos, e disse, num tom de irritabilidade – Pai, façamos a vontade desse... menino – e todas as luzes das dezenas de cômodos daquela imensa mansão se acenderam juntas numa sincronia impressionante.
– Nossa... – admirou-se Joca, impressionado pela beleza das luzes coloridas que piscavam por toda a mansão – É aquele menino que vai ganhar o presente? – perguntou ele, ao presenciar o Pai do garoto fantasiado de Papai Noel e entregando uma enorme caixa ao filho, diante da esposa e de dezenas de empregados. Desta vez Joca não sentiu nenhuma inveja em seu coração.
- É sim filho – confirmou o Papai Noel com uma expressão séria em seu semblante.
- Ho, ho, ho... aqui está o presente que esse menino lindo pediu – disse o Pai, entregando o embrulho ao garoto, que puxou a caixa e rasgou-a com uma grande euforia.
- Droga!!! Não foi isso que eu pedi ao Papai Noel !? Eu disse que queria um vídeo game que nenhuma criança ainda tem. Papai Noel burro – esbravejou o garoto chutando a canela do próprio Pai e arremessando o presente ao chão.
O Pai do menino ergueu a mão para lhe bater, mas sua esposa a segurou. Ele então respirou profundamente e disse:
- Já que não é o vídeo game que você pediu, eu vou sorteá-lo a um filho de um dos nossos empregados, e este ano, você não vai ganhar nada. Quem sabe no ano que vem eu consiga educá-lo melhor, e você não se ache tão especial que mereça um brinquedo fabricado especialmente para você.
- Como que você vai me educar melhor, se passa a maior parte do tempo em seu trabalho? – retrucou o menino com os braços cruzados.
Nesse momento, Joca se lembrou do seu pai, que sempre esteve presente em sua vida e nunca deixou de dar um bom dia se quer, mesmo quando saía, ainda de madrugada para o trabalho.
O Papai Noel olhou para Joca com um sorriso contido e disse:
- Ás vezes a felicidade está nas coisas mais simples filho?!
Joca então se lembrou que guarda com carinho todos os brinquedos de madeira que seu Pai produziu especialmente para ele nos Natais anteriores.
- Agora temos que voltar Joca – disse o Papai Noel 2424 sentado em seu trenó e saindo vagarosamente rumo a casa do menino.
Durante a viajem de volta, o Papai Noel 2424 quase não falou, parecia não querer muito assunto, diferente de quando estava entregando os presentes, que não parava de tagarelar. O motivo daquele silêncio era a preocupação por saber que sua última missão daquela noite, era informar ao doce Joca, que seu presente não estava naquele trenó, e que era ele, o grande culpado.
O Papai Noel 2424 então parou o trenó bem no alto da casa de Joca, de lá se via toda a cidade, iluminada apenas por velas dentro das casas. Preocupado e pensando no que iria dizer naquele momento, ele entrelaçou os dedos e iniciou a difícil conversa.
- Sabe meu filho, muitas vezes a vida... – de repente, toda a cidade se iluminou aos olhares arregalados dos dois – O que aconteceu? – questionou Joca atônito.
Então, um enorme trenó com milhares de luzes brancas e apenas uma azul, parou ao lado do trenó do Papai Noel 2424.
- Pula pra cá os dois – ordenou o Grande Papai Noel estalando os dedos. De imediato Joca e o Papai Noel 2424 foram transportados para um imenso trenó.
- Uaaau? Que trenó gigante?! – admirou-se Joca.
- É o trenó do Grande Papai Noel Joca. Ele que comanda a legião dos Papais Noéis para que as crianças sempre tenham um Natal feliz, apesar de algumas não conseguirem o que deseja – disse o Papai Noel 2424 olhando para o Grande Papai Noel, pois sabia que ele poderia estar lendo seus pensamentos.
O Grande Papai Noel então pigarreou e começou a falar com uma voz grossa, porém suave.
- Joca meu filho, conhece aquele rapaz lá embaixo, com uma prancheta na mão? – perguntou ele apontando para um homem que escrevia algo num papel preso a uma prancheta.
Joca esforçou-se para enxergar e logo abriu um enorme sorriso – É meu pai?! Mas o que ele está fazendo lá?
O Grande Papai Noel então segurou a mão do menino e concluiu.
- Você é uma criança muito especial Joca, tem um bom coração, e o grande amor que você tem pelos seus pais, fez com que seu pedido fosse atendido especialmente por mim, e olha que é muito difícil acontecer isso héim?! O amor pode tudo e o que você está vendo é um futuro próximo em que seu Pai vai trabalhar numa grande empresa de energia elétrica, que logo se instalará por aqui. Você tem um Pai trabalhador e inteligente filho, não merecem passar necessidades.
- Joca. Acorde?! – disse seu pai, chacoalhando o filho na cama.
- Pai? – respondeu o menino, meio confuso.
Com um papel na mão, o Pai de Joca então disse num tom de emoção.
- Filho, você não sabe o que aconteceu? Eu fui tomar um copo d´água e de repente uma forte intuição me fez ir até a caixa de correio, chegando lá, tinha uma carta de uma empresa de energia elétrica que se instalará aqui no começo do próximo ano, e eles estão convocando todos os moradores para fazer um teste. Se tudo der certo, eu vou ser contratado e a nossa vida vai mudar filho.
Joca então abraçou o Pai fortemente e com lágrimas nos olhos completou:
- Vai dar certo sim Pai. Eu tenho certeza!
E lá do alto, assistindo aquela cena, o Papai Noel 2424, enxugava uma lágrima.
- Você está chorando? Nunca vi um Papai Noel chorar – disse o Grande Papai Noel com lágrimas contidas nos olhos.
O Papai Noel 2424 ficou meio sem graça, enxugou ás lágrimas de imediato, pigarreou e disse.
- Foi só uma pontinha de emoção. Afinal de contas ninguém é perfeito não é?! Mas mudando de assunto, posso lhe fazer uma pergunta Grande Papai Noel?
- Claro que sim 2424. O que é?
- Porque o Sr. mandou colocar uma luzinha azul, entre milhares de brancas no seu grande trenó?
O Grande Papai Noel ficou meio sem graça, limpou a garganta também e devolveu.
- Fiquei com uma pontinha de inveja da sua arvore de Natal ambulante. Afinal de contas... ninguém é perfeito, não é?!

Pois é, ninguém é perfeito e o melhor que temos a fazer é encontrar uma maneira que não seja dolorosa de conviver com as imperfeições do outro.
Este conto é do Tony ele é de Indaiatuba - SP sua página no Skoob  http://www.skoob.com.br/usuario/380658-tony


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quando você foi embora...

Você se foi tão de repente quanto chegou, deixou um vazio que não será preenchido, não sei o que doeu mais, sua partida, a pagina virada ou a certeza de que eu não faço parte dessa nova história.

Conhecemos varias pessoas nesta vida, mas poucos deixam um significado. Você é estranho ao mesmo tempo que estreita a amizade se distancia dela, por varias situações identifiquei contradições nos seus discursos, mas seria capaz de conviver bem com suas imperfeições, amor consiste nisso, amar o ser humano e conviver com suas imperfeições, na amizade é a mesma coisa.
Estou triste e como estou, mas o que fazer? Só me resta virar a pagina, seguir minha vida, o que passou ficará guardado para sempre. Só não me pede para aceitar as migalhas que pode me dar, Deus não me criou para as migalhas, por hora fico com a tristeza, a saudade e com o desejo imenso que você consiga encontrar felicidade nesse novo caminho e que Deus o conforte nas noites que vc sentir falta do carinho, do sorriso, do olhar do seu verdadeiro amor. Desejo no mais intimo do meu ser, que seja feliz.

domingo, 11 de novembro de 2012

Enquanto eu Esperava...

Recentemente fui á tarde de autógrafos do novo CD do Pe. Fábio de Melo. Não foi só mais um autógrafo, ir de encontro a ele é muito mais do que isso.
Enquanto eu esperava a sessão começar, encontrei vários amigos, conheci novos, ouvi histórias, tristes, engraçadas, encontrei a mãe de uma amiga que não via há muito tempo. Tinha um rapaz que fazia questão de dizer que não era fã do padre que estava ali pra pegar autógrafo para namorada que era fã e não podia estar, a empolgação dele era tão grande que eu percebi que a namorada era uma justificativa para ele estar ali, típico de homem machista enfim, varias pessoas no mesmo lugar com suas dores e suas alegrias em busca da mesma coisa, um olhar, um sorriso, uma palavra uma benção do Padre Fábio de Melo.
Há quem não entenda essa vontade de estar próximo, de pegar na mão de receber um olhar, um sorriso, mas olhar Pe. Fábio é olhar pra Cristo que está nele, é perceber que ali esta um ser humano igual a nós mas que tem o dom de nos retirar da multidão e nos colocar diante de Cristo, é um mistério de amor que vai além da forma HUMANA.
Enquanto eu esperava, ficava ali paradinha as vezes calada, as vezes cantando, as vezes desviava meu olhar para as amigas que estavam ao meu lado, conversava e voltava olhar para o padre ali sentado.
Eu ficava prestando atenção na expressão do rosto dele cada vez que chegava uma pessoa próximo a mesa, franzia a testa, sorria, abaixava a cabeça, levantava, sorria de novo, falava alguma coisa, olhar tímido sorriso tímido, as vezes gargalhava e eu ali olhando e tentando imaginar o que passava em sua cabeça. Via que estava cansado, mas se mantinha firme. Uma fortaleza.
Tudo isso se passava na minha cabeça enquanto eu esperava, depois no fim de tudo, ele se aproximou de nós e mais uma vez agradeceu, ganhei um abraço, nesse abraço coube tudo, coube as palavras que eu não disse, coube a foto que ainda não consegui.
Foi uma tarde agradável de esperas, conversas, partilhas, uma capa revertida de sentimentos contraditórios, mas que me permitiu voar, voar para além das minhas misérias, dos meus julgamentos, das conclusões precipitadas.
Peguei minha capa  vesti e voei....


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A resposta



Neste fim de semana vive momentos emocionantes na minha vida. Começou na sexta feira dia de finados, como todos os anos fui a missa no cemitério, me segurei o quanto pude mas na hora da comunhão não resisti comecei a chorar, pois o local da missa foi o mesmo que o corpo do meu irmão foi velado, velei mais uma vez meu irmão, apos a missa Pe. Luiz Henrique foi junto com minha mãe e alguns amigos rezar no tumulo dele. Ouvir minha mãe agradecer a Deus por ter levado o meu irmão e entender a misericórdia de Deus na vida dele foi foi contraditório, doeu ouvir minha mãe dizer " Agradeço a Deus por ter levado o meu filho, pois ele não ia aguentar viver cego e sem uma perna". Ao mesmo tempo percebi aí a misericórdia de Deus para com meu irmão. Chorei, chorei muito e no silêncio do meu coração também agradeci a Deus por isso.
  Sempre todos os dias da minha vida, quando fico diante das minhas fraquezas, eu rezo peço a Deus que não permita que eu me afaste dele, tem dias que não me sinto merecedora do seu amor. Segui para casa e fomos conversando sobre meu irmão e o dia de sua partida, mascarar a dor não ajuda eliminá-la precisamos vencer a dor, deixa-la guardada no bolso só faz adiar o momento da batalha, isso aprendi desde cedo, mas na sexta quando cheguei em casa senti que uma etapa da minha luta tinha sido vencida.
A dor vem , mas junto dela sempre vem a alegria, já no carro Pe. Luiz Henrique me chamou e disse: preciso que você vá amanhã ao Centro de Evangelização fazer umas fotos pois vamos receber uma relíquia do Beato João Paulo II, percebem Deus cuidando de mim?.

Sábado fui caminhando ouvindo Pe. Fabio de Melo, uma distância considerável da minha casa até o Centro de Evangelização, fui feliz, quando o Papa esteve no Brasil eu era pequena, não fui ver e estar ali diante do seu sangue foi um sentimento inexplicável. Voltei pra casa leve e feliz , mas as minhas fragilidades estavam disfarçadas de alegria.
No domingo, eu pude claramente ter as resposta das minhas dúvidas, durante o momento de Adoração eu rezava e pedia a Deus pra me livrar dos meus fantasmas, e pedi  para ele nunca deixar eu me afastar dele e contei a ele como estava me sentindo, eu naquele momento não era merecedora de estar diante de sua presença, me lembrei da História que eu já conhecia e que Márcia me lembrou semana passada, Um rapaz no meio de uma enchente esperava Deus vir salva-lo, passou uma bote o chamou e ele recusou, isso se repetiu mais duas vezes, quando ele morreu e chegou no céu reclamou com Deus que não o salvou e Deus disse, filho eu te mandei três botes. 
Pois bem, foi nesse diálogo que me encontrei, Deus dizendo pra mim que mostra a solução para todas minhas aflições e eu não estava reconhecendo os sinais, aí olhei pra foto esta que postei junto com o texto e entendi. Deus me mostrou que a solução para meus problemas, as repostas para minhas dúvidas estava aí no coração chagado dEle. Olhei para Jesus Eucarístico bem ali no Sagrado Coração de Jesus e vi, é ali que eu estou, é ali que tem que estar o meu olhar. Ali eu encontrei a resposta.